sábado, 11 de dezembro de 2010

Capítulo 7

Dean Winchester saiu de cima do corpo de Callie Robb e levantou-se, ação que foi repetida por ela. Sam Winchester fez duas pistolas deslizarem pelo altar da Catedral Santa Rosa, e Dean pegou as duas, entregando uma para Callie.

Os três apontaram para as portas de entrada da Catedral, esperando que a criatura viesse por lá. Surpreenderam-se quando o vitral da igreja atrás do altar partiu-se e um fio negro bateu em Callie, jogando-a atrás de um banco. Outro fio veio para perfurar Dean, mas Sam apertou o gatilho da escopeta, e o reduziu a pó.

Todos os vitrais foram quebrados, e os fios invadiram a Catedral. De um dos vitrais, a criatura encapuzada apareceu, invadindo o altar. Callie alertou: — Não deixe nenhum fio perfurá-lo, Dean! — depois gritou: — Leia, Sam!

Um fio grosso e negro enrolou-se no tornozelo de Sam e o arrastou, forçando-o a atravessar o altar. O papel foi abandonado.

— Merda! — Dean murmurou, e disparou três tiros nos fios que tentavam cercá-lo. Ouviu a arma de Callie disparando, e, depois, o som do disparo da escopeta.

Sam levantou-se com dificuldade, e atirou onde o capuz cobria, que deveria ser o rosto da criatura. O tiro fez com que ele recuasse, e Sam esperava que ele desabasse ali. Mas o capuz cobria um vão negro.

— Me cubra! — Callie gritou e correu para os degraus do altar.

Em meio aos fios, atravessou os corredores da Catedral Santa Rosa. Dean atirou naqueles que tentavam perfurá-la. Todos se entrelaçavam, formando uma gigante teia negra. Foram tiros precisos que derrubaram os suportes da teia e a desfez.

Callie apontou-lhe a arma e atirou, dissipando um fio negro que o enrolaria e sufocaria até a morte. Dean continuou atirando nos fios que insistiam em perseguir Callie. Um emaranhado de fios jogou os bancos de madeira da Catedral para longe.

Ela logo juntou-se a ele, seu peito nu — com a exceção do sutiã — subindo e descendo por causa da respiração ofegante. O suor escorria pelo belo peitoral de Dean, e Callie se sentiu atraída por aquele que abandonara. Mas aquele não era o momento.

— Quantas balas você ainda tem? — ele perguntou, disparando contra os fios que avançavam. Callie havia agachado atrás de seu corpo para recarregar a arma.

— Dois cartuchos, contando com esse! — ela respondeu em meio ao barulho do cano fumegante das armas. — Você? — recompôs-se e continuou a disparar.

— Um cartucho e cinco balas. — ele respondeu.

Enquanto Dean e Callie brincavam de derrubar os fios negros, Sam tentava ao máximo atrasar a criatura, descarregando as balas que tinha em seu corpo fantasmagórico, mas ele insistia em avançar. Assim que atirava, o barulho do disparo da escopeta ressoava, e ele andava um passo para trás.

Restavam apenas quatro ou três disparos — ele contou. Foi quando tropeçou em um fio, caiu no altar e viu a chama provocante da vela que teve uma ideia. Rezou silenciosamente e, segurando a vela, arremessou-a nas cortinas vermelhas de veludo atrás da criatura.

As chamas lamberam o tecido rapidamente, formando um grande véu incandescido e fervente. Disparou contra um suporte das cortinas, o que a fez tombar, sendo ainda erguida pelo outro suporte.

Um.

A criatura ainda se aproximava lentamente. Inalava um cheiro de morte, de sacrifício, de horror. Se andasse mais um pouco, poderia arrancar-lhe a vida. Disparou contra um candelabro acima da criatura, prendendo-a ao altar.

Dois.

Mesmo sem conseguir se mover, ele esticou a mão negra com os dedos afiados para tocar Sam, que disparou contra o outro suporte da cortina. Foi como um espetáculo de fogo desabando sobre a criatura. As chamas corroeram o piso de madeira do altar, inflamando tudo.

Três.

Quando um fio veio em sua direção, ele apertou o gatilho por instinto, mesmo tendo a probabilidade de não ter mais munição. O quarto disparo ressoou e explodiu o fio.

Quatro.

Levantou-se, mesmo suas pernas estando bambas. Correu e jogou-se no altar, deslizando até sua posição inicial. Dean e Callie estavam envoltos por um turbilhão de fios negros que se retesava com medo dos disparos das armas.

Sam agarrou o papel e leu:

— A inclusione unius ad exclusionem alterius¹.

Um véu branco materializou-se no ar, que, conforme tocava nos fios negros, tingia-se de preto. Os fios foram afastados de Dean e Callie, que estavam mergulhados em suor. A criatura surgiu em meio ao fogo, mas logo foi impedida pelos véus, que lhe queimava. Dissipou-se no ar assim como os fios negros.

Todo o ar pesado de morte e sofrimento pareceu extinguir-se. Então Sam sentiu que era a hora de escolher cinco objetos que se tornariam relíquias. Fechou os olhos e escolheu em sua mente.

A escopeta; a caminhonete; o toca fitas; Dean; e eu;



Então tudo foi carregado pelo vento, deixando Dean, Sam e Callie no altar. Ela desabou cansada no chão, respirando pesadamente. O peito de Dean subia e descia rapidamente, de tão exausto que estava. Sam caiu de joelhos, fechando os olhos com força.

— O que você escolheu? — Dean perguntou, cortando o silêncio. Após alguns segundos, o irmão respondeu.

— A caminhonete, a escopeta, o toca fitas, eu e você.

— Por que escolheu esses? — Callie perguntou arfante.

— Porque se a escopeta, ou a caminhonete, ou o toca fitas se quebrarem, ele não vai nunca retornar. Se eu ou o Dean morrermos, ele nunca vai conseguir ter vida novamente.

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