sábado, 11 de dezembro de 2010

Capítulo 4

— Levante-se, Sam. — a voz de Callie Robb surpreendeu Sam Winchester. Ela chutou Dean para o lado, e, mancando, ele andou o que restava. — Junte-se ao seu irmão. Ambos encostados na parede. — ela exigiu.

— O que você está fazendo? — Sam repetiu a mesma pergunta que Dean havia feito antes. Recebeu a mesma resposta.

— Há muita coisa a se explicar. — ela agachou-se ao lado do corpo e observou o corpo. Arrancou o colar de ouro que pendia no pescoço de Roxanne, e fixou os olhos no buraco da barriga. Ali estava algo que a criatura não havia deixado nos corpos anteriores: vestígios.

Retirou uma luva de silicone de uma das botas e a pôs na mão. Com o dedo indicador e o polegar, puxou o fio preto que misturava-se com o sangue. Parecia uma grande lombriga, de dois ou três metros. Aquela coisa ficou rígida, e pareceu pular no rosto de Callie.

Ela emitiu um grito e recuou para trás. Gritou: — Tirem isso de mim! — as palavras foram se tornando abafadas, e a boca dela não passou de um relevo naquela gosma negra.

Foi necessário uma cotovelada de Sam para tirar Dean do transe. Ela ainda murmurava algo como mmmff, como se estivesse sendo sufocada.

— Temos que fazer algo! — Sam guinchou.

Piscando os olhos com força e finalmente absorvendo a cena, Dean correu os olhos pelo cômodo. Achou um pedaço de madeira que residia perto de Sam. Reuniu toda sua voz para murmurar: — Ali!

A atenção de Sam atraiu-se para o pedaço de madeira, e, correndo e jogando-se no chão, Sam deslizou de encontro à ferramenta. Pulou para ficar de pé e, fazendo círculos imperfeitos, tocou de leve a gosma preta, com medo de machucar Callie.

Aquela coisa sem vida pareceu avançar para o pedaço de madeira, e rastejou-se rapidamente até a mão de Sam, pulando no rosto do mesmo. Ele gritou e soltou o que minutos antes segurava. Não conseguia emitir mais barulho quando aquilo apoderou-se de seu rosto.

Ainda abalada, Callie mergulhou em direção à arma que estava apoiada no chão, sendo observada pelos olhos horrorizados de Dean. Quando ele percebeu o que ela estava prestes a fazer, deu um passo vacilante e gritou: — Não!

Mas já era tarde demais; Callie mirou o cano na gosma preta e apertou o gatilho. Ela se contorceu ao absorver a bala, e soltou-se do rosto de Sam, desabando no chão e espalhando alguns de seus pedaços.

Os irmãos Winchester se recompuseram, aliviados. Sam foi o primeiro a se manifestar, dizendo com uma voz que não parecia a sua: — Você sabia que eu não iria morrer?

Ele esperava que ela dissesse sim, mas Callie balançou a cabeça negativamente. Dean abriu a boca para protestar, mas parou quando viu algo erguer-se da poça preta. O que saía da poça pareceu ficar mais afiado, tomando a forma de uma mão.

Os três se juntaram à porta, observando; outra mão saiu da gosma, e, juntas, pareceram esticar a poça, empurrando-a e abrindo espaço para uma cabeça. Os olhos faltavam, e a boca parecia apodrecida. Um tronco decomposto saiu da poça, mas parecia não haver cintura. Aquele troço virou-se para eles.

— Mas que porra...! — Dean começou, mas foi interrompido. Aquele que parecia ser a metade de um corpo abriu a boca, expondo a língua enrolada em teias de aranha. Pequenos fios negros começaram a surgir, e iam aumentando de tamanho. — Atire!

Callie disparou dois tiros contra a aberração, mas serviu apenas para arrastá-la para trás. Então, reunindo todas as emoções que tinha, ela gritou: — Corram!

Os três saíram do banheiro e fecharam a porta. Começaram a correr pelo corredor, a adrenalina fluindo entre suas veias. A porta do banheiro foi arrancada, e grossos fios negros começaram a rastejar-se rapidamente pela parede.

Os passos continuaram mais firmes e precisos; Callie cometeu o erro de olhar para trás. Aqueles fios negros cresciam do banheiro e pareciam invadir o colégio todo. Aquela criatura não era mais visível, de tanto fio que produzia. Emitiu um gemido aterrorizado.

Voltando a olhar para frente, ela correu mais desesperada. Foram em direção à caminhonete dos irmãos Winchester. Os vidros da janela se partiram, e os fios negros começaram a escapar do colégio. Cada barulho flutuava no ar, como uma trilha sonora para a morte.

Enquanto Dean abre a porta do motorista, Callie puxa nervosamente a do carona. Resmungando palavras incompreensíveis, Sam pula na garupa, e Dean aperta o acelerador. Sam é jogado para trás, e tenta firmar-se.

— Mas que porra é aquela? — Dean gritou para Callie.

— Acelera mais! — ela gritou de volta.

— Porra! — murmurou quando viu os fios grossos seguirem a caminhonete como um turbilhão negro e sem vida. Pisou fundo no acelerador, girando o volante bruscamente. — O que está acontecendo? — dirigiu-se a Callie.

— Aqueles troços querem o colar. — ela disse.

— Não digo isso! — ele exclamou irritado. — Quero saber tudo, desde como você chegou tão rápido até essa perseguição ridícula!

— Nos mantenha a salvo que eu conto tudo!

Murmurando palavrões, Dean olhou novamente pelo retrovisor. Foi quando viu um dos fios negros em volta do pescoço de Sam, que tentava lutar por um suspiro de ar. Ele gritou algo para Callie que a fez perceber o que estava acontecendo.

Abriu a porta do carona e, com cautela, avançou para a garupa, sacando um canivete suíço da bota. Ela ajoelhou-se ao lado de Sam, e, tentando ficar calma, serrou o fio negro, que debateu-se e recuou.

— Qual o problema de vocês? — ele perguntou quase sem voz, tentando manter a respiração em compassos longos. — Diga que... que você sabe o que fazer.

Ela olhou em volta; muitos dos fios negros estavam se esgueirando pelos prédios abandonados. Bastava apenas se fecharem e conseguiriam engolir a caminhonete. Não restavam muitas opções.

— Entre no carro! — ela ordenou a Sam, que prontamente obedeceu.

Segurou com força o colar de Roxanne e, hesitando um pouco, jogou-o com força em um beco escuro. Subitamente, todos os fios negros direcionaram-se para o beco, esquecendo-se da caminhonete. Só restava o barulho ruidoso do vento.

Ela entrou logo em seguida na caminhonete, espremendo Sam e Dean, fechando a porta atrás de si.

— O que você fez? — Dean perguntou, percebendo que não eram mais um alvo.

— Iniciei o Apocalipse. — essa foi a resposta que obteve de Callie.



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